quarta-feira, 3 de outubro de 2007

NOITE MUSICAL

A minha primeira saida noturna na França foi exotica.

Por aqui, as pessoas costumam, quando saem à noite, irem primeiro à casa de quem as convidou para fazer o famoso 'esquenta'. Aqui, a bebida também é cara na balada e nos bares.

Sai com um amigo espanhol de minha tia, professor de espanhol marxista e divertido de Burgos que lê Foucault, até a casa de um amigo seu, também espanhol. Havia também uma francesa da cidade. Conversamos bebendo vinho branco e cerveja e comendo frios.

Aqui, tabua de frios sao os petiscos mais populares nos bares e é composta, logicamente, de queijo e até pepino. Mas também ja vi nosso famoso amendoim por aqui.

Aproveitei e dei uma olhada na biblioteca do anfitrião, que é professor de linguistica. Da para ter uma boa ideia da pessoa pelo que ela lê. La estavam Javier Marias, um dos autores nacionais preferidos dos espanhois; um livro com cartas de Bukowsky e outros tantos de Paul Auster e Hornby. Uma edicao comemorativa de Cem Anos de Solidao, ainda fechada, era o destaque.

Tudo normal até que o anfitriao começa a tocar flamenco e cantar de modo dramatico. Depois, é a vez da francesa cantar e tocar pop e meu amigo espanhol dar uma canja de sua voz forte ao cantar algo parecido com uma opera espanhola.

Tudo bem até aqui se, logo depois, não tivessemos ido a um bar, digamos, diferente. Logo na entrada, me deparo com uma mulher de meia idade tocando violao e assoviando para um casal de jovens bêbados. Acontece.

Mas, logo depois, o dono do bar, um marroquino simpatico e sorridente, resolve sair do balcão para tocar bandolim e cantar musicas de seu pais natal. Um canto profundo e o som mistico criaram uma atmosfera impressionante e ajudamos com palmas.

Como se não bastasse, quando começamos a querer conversar e o marroquino a tocar demais, entra no bar um trompetista de jazz. E, sim, logicamente, ele da uma canja a todos.

Somente nesse dia tocaram duas vezes, em minha homenagem, Garota de Ipanema. Uma com violão, e os dois espanhois cantando muy bien em português, e a outra no trompete. Tive que ajudar cantando e reconhecer que Tom Jobim parece ser preferência mundial.

Sai pensando: tout le monde est artiste en France. Ao menos nessa noite.

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