terça-feira, 30 de outubro de 2007

REFORMA JUDICIARIA


A segunda manifestaçao que vi de perto foi a de aproximadamente 250 advogados e juizes funcionarios do tribunal de grande instancia de Hazebrouck e outros que serao fechados, açoes previstas na reforma da carta judiciaria anunciada pela ministra da justica, Rachida Dati, que comecara a entrar em vigor progressivamente a partir de janeiro.

Somente no norte do pais serao quatro, alem de outros tribunais de instancia. O principal argumento e que eles nao julgam recursos suficientes e estao localizados entre dois grandes tribunais, no caso de Hazebrouck, entre Dunkerque e Lille. Os advogados clamam a justica de proximidade e, segundo eles, têm medo que essa sera somente a primeira açao para diminuir os serviços publicos de uma cidade de 22 mil habitantes, como ja aconteceu anteriormente.

Por outro lado, o governo argumenta que havera somente uma adaptaçao e nao o fechamento total do tribunal e que recursos nos quais se necessita presença de vitimas e testemunhas nao precisarao forçosamente que elas se desloquem ate os tribunais das cidades vizinhas.

O ministério adapta a politica proposta por Sarkozy em sua campanha: a de somente um tribunal de grande instancia por departamento, que previa numerosas supressoes. O setor publico, a exemplo da greve dos trens, parecem mesmo ser o principal embate que o presidente e seu governo enfrenta no momento.

Em um dia nublado, os advogados sairam da porta do tribunal e marcharam pelas ruas da cidade com cornetas e cartazes apos um discurso e distribuicao de folhetos. A palavra liquidaçao seguida pelo nome do tribunal era frequente.

JARDIM DE MONET


A greve de trem nao me impediu de realizar um sonho de infancia. Tudo culpa do livro Lineia nos Jardins de Monet e de um pintor que impressiona tanto pela historia de sua vida como telas, que sao carros chefes de um movimento revolucionario que se concentrou na Franca, mas se espalhou pelo mundo e foi composto de nomes como Van Gogh, Renoir, Manet e ate Picasso.

A 45 minutos de Paris, Vernon e a cidade mais proxima de Giverny, onde esta loalizada sua antiga casa e jardim, restaurados e mantidos ate hoje pela fundacao que leva seu nome. A cidade vale uma visita a parte pelo seu charme, pequenas ruas e catedral, cafes e canal com um pequeno castelo em suas margens. Elas tambem abrigam espaco para camping de trailers e diversos barcos de passeios que podem conter mesas de carteado e diversos outros passatempos.

Logo na saida da gare, vejo que Monet e realmente o maior chamariz da regiao na inscricao da placa de um bar, intitulado Monet e seus amigos. Apos 20 minutos em um onibus que leva diretamente aos museus de Giverny (sim, ha outros, como um de arte americana), chego ao parque municipal do vilarejo. Grande, tambem vale ser visitado com mais tempo, assim como as pequenas ruas nos arredores da casa do pintor. Sao casaroes tipicos do campo, feitos de pedras, onde e possivel visitar ateliers, floriculturas e pequenos restaurantes.

Finalmente, chego a casa rosa com janelas verdes e paredes todas floridas do vermelho do outono. A primeira coisa com a qual nos deparamos e o atelier, a grande loja com tdo o que se imaginar do pintor. Depois, aproveito o final da tarde para caminhar pelo gramde jardim. Apesar de muitas flores ja estarem morrendo com a chegada do inverno, quando o jardim fecha, ha muitas que resistem em bonitos arranjos.

Dividido em dois por uma passagem subterranea, ha uma parte sem agua, onde fica a casa, e outra com os lagos e a ponte japonesa. Ha pelo menos dois angulos que realmente impressionam, pela profundidade, composicao e cores, dignas de inspiracao para o antigo morador. Ninfeias, mesmo, nessa epoca, somente suas folhas.

A casa, por dentro, e interessante, pois e arrumada de acordo com a epoca e os gostos do pintor. Podemos comparar com grandes fotos antigas colocadas ao lado de cada um dos comodos. Monet adorava porcelanas e gravuras japonesas, que estao em quase todas as paredes. A sala e onde se concentram seus proprios quadros, expostos nos mais famosos museus e galerias do planeta, como o British Museum e D Orsay. O pintor adorava admirar diversos quadros em uma so parede. A vista do seu antigo quarto, no segundo andar, e maravilhosa. Os antigos moveis restaurados com belas pinturas e papeis de parede, sao outra atracao, bem como sua decoracao.
Nao fosse o barulho dos carros na movimentada rodovia bem ao lado de ambos os jardins, se poderia ter um bom gosto do significado desse lugar para o pintor apaixonado.

FERIAS

Essa semana e sinonimo de ferias escolares por aqui, para os grandes e pequenos. O ano escolar na Franca, como em todos os paises do hemisferio norte, comeca em setembro e possui ferias agora, em outubro; no final de dezembro, abril e em julho e agosto, as grandes ferias de verao.

Eu entrei nessa, logicamente. Isso e sinonimo de viagens e uma atualizacao mais lenta do blog. 

RESTAURANTE PARISIENSE


O meu primeiro contato com a mais famosa gastronomia do mundo na capital foi num simpatico restaurante nos arredores de Montmatre o bairro que abriga diversos artistas de rua e a catedral de Sacre Coeur, que possui uma vista panoramica de toda a cidade. 

Com decoracao moderninha, composta por uma foto de Paris e desenhos da propria dona do lugar e de seus filhos, alem de rosas, espelho cheio de luzes e cortinas vermelhas, ele, como todos que vi na regiao, e pequeno, mas aconchegante e lotado. 

Pedimos uma cerveja produzida artesanalmente em uma regiao do pais e, como entrada, pate e ras, com osso e tudo. 

Depois, uma bela massa com frutos do mar acompanhada com vinho tinto. Nunca achei essa mistura ideal, mas, ao contrario da entrada, foi bem mais apetitosa. 

Para finalizar, como cortesia da casa, cha, cachaca e um interminavel papo furado. 

domingo, 28 de outubro de 2007

A CAPITAL II


Estava com passagens de trem para Vernon, para ver o jardim de Monet em Giverny, em maos e acordei bem cedo para ir ate a Gare Saint Lazare, mas a greve anulou o trem. Apenas mudei de dia e vi os montes de adolescentes britanicos, pintados e com bandeiras, dormindo no chao com o gosto da derrota da noite anterior. Pensei que minha raiva nao era pior que a deles e me senti melhor.

Rumei direto para a Praca da Concordia. Com a luz ensolarada da manha de domingo batendo em sua fonte e o imponente obelisco, um presente pelos egipcios, poucos carros na rua e quase completamente sozinha nao fosse alguns turistas japoneses, percebi que qualquer tempo a mais que se perde em Paris vale a pena. 

Aproveitei e caminhei ate o Arco do Triunfo, onde vi as homenagens aos mortos na guerra, com flores e condecoracoes. No monumento, o nome das cidades francesas e de paises aliados que lutaram juntas. E, no chao, inscricoes lembram as diversas guerras que o pais ja enfrentou. 

Depoi, me perdi novamente pelas ruas ate a Torre Eiffel. Trombei com livros de arte pela metade do preco, vendidos na rua; pequenas e charmosas pracas, padarias e lojas luxuosas e muitos cachorros. Ate que cheguei em uma das regioes empresariais da cidade, com grandes predios comerciais e uma bela vista do monumento de uma ponte. 

Descansei da longa caminhada nos belos jardins na beira do Sena e vi gente do mundo inteiro na fila de 45 minutos para subir nos elevadores da torre. Nesses dois dias me deparei com muitos brasileiros, um deles, obra do destino, me pediram em portugues para tirar foto sem ao menos saberem que lingua eu falava. 

Fui ate o terceiro e ultimo andar. Pequeno, dele podemos ver os tracos da cidade com mais precisao, ha um mapa panoramicos que localiza monumentos e uma curiosa lista de distancia da torre com relacao a diversas capitais do mundo.

Depois,o extenso Campo de Marte logo em frente pediu para praticar uma pelouse, o habito de sentar ou deitar na grama, e comer salsicha com fritas. 

A saida da cidade, assim como a entrada, tambem foi dramatica. Para ir ate o norte tive que pegar um trem, ainda em greve. Para piorar, passei uma estacao e, ao voltar, ouvi que o metro estava atrasado porque havia uma pessoa na via. Fiquei uma hora para chegar na regiao norte e peguei o trem lotado e recheado de pessoas mal humoradas, assim como todas que encontrei ao comprar algo. 

Matei as saudades de Sao Paulo com mais beleza e cultura, e certo. Mas percebi que as metropoles parecem estar cada vez mais sufocadas. A tendencia e piorar?

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A CAPITAL I


Paris, como São Paulo, repele, mas envolve. A minha primeira impressão da cidade foi um grande engarrafamento devido a final da Copa do Mundo de Rugby, que este ano foi sediada na França, potencializado pela greve dos trens e outros meios de transportes publicos (ela durou quatro dias). Os ingleses, literalmente, invadiram a cidade. Em toda a rodovia so se via bandeiras inglesas, nada anormal vindo de um dos paises que mais adoram o esporte.

Entrei pelo norte da cidade e pude ter uma idéia dos bairros populares, com as feiras de rua na calçada com barracas parecidas com as dos camelôs paulistas. Em alguns, ha muitos roubos, drogas e prostituição, como Les Halles. Logo, vejo uma noiva entrar em um carro. Sim, estou mesmo em Paris.

O metrô intimida para quem anda nas quatro grandes linhas paulistas. Aqui, são vinte e duas e elas são completamente integradas com os trens. Neles, é bom ficar alerta com bolsas por causa dos roubos. Ha, logicamente, muitas estações que fazem a baldeação para diversas outras linhas e são um verdadeiro laibirinto de tuneis.

Somente relaxei quando cheguei a estação Notre Dame, no sul da cidade, onde estão concentrados os maiores monumentos. Nesse primeiro final de semana, preferi fazer o circuito classico, mas sempre caminhando e me perdendo pelas pequenas ruas, como os parisienses. Pude comprovar que essa marcha sem rumo esta inserida no cotidiano dos habitantes ao perguntar para uma francesa onde era o metrô mais proximo. A resposta: 'Não sei. Eu somente estou passeando'. Com um ar tranquilo como o do sabado de sol.

Mapa aqui é essencial, pois trombar um estrangeiro na rua que não sabe tanto quanto você ao pedir informação é altamente provavel. Principalmente perto dos grandes pontos turisticos. E ainda ouvir um nao apos perguntar se speak english, parle français ou hablas espanol.

Em Notre Dame, me deparei com os turistas japoneses que descarregam fotos em seus laptops até dentro da catedral, além das filas apenas para subir nas torres. Non, merci. E, apos admirar sua construção, esculturas e quadros continuei minha caminhada pelas margens do Sena até que cheguei na ilha no meio do rio, um poço de tranquilidade com um pequeno parque e uma bela vista da cidade. Todos adoram, num dia de sol, descansar, comer e conversar nesse e nos pequenos espaços ao lado das margens. E as pontes, com suas esculturas e luminarias, são uma beleza a parte que devem ser admiradas durante o dia, anoitecer e a noite.

E cheguei ao Museu do Louvre, uma construção cheia de detalhes e esculturas como Notre Dame devidamente fotografados. Vi sua pirâmide, bem em frente ao Parque Tuileries, que termina na avenida Champs-Elysées e merece um passeio despreocupado para ver suas esculturas e grandes jardins, comendo crepe e bebendo café.

Até que vi a Torre, do outro lado do Sena. Mas para isso, tive que me desviar dos beijos apaixonados de montes de casais que povoam a cidade. E um simbolo disforme se comparado a beleza classica da cidade, mas que impressiona por tudo que representa: a cidade e o pais.

A noite é realmente luminosa. Não ha como fugir do lugar comum da cidade das luzes. E; em um dia de sol, o céu esta ainda claro, sem nuvens e a lua aparece ja bem alta e cheia de luz. Ela pediu um passeio de Bateau Mouche, o famoso barco turistico de dois andares que faz um percurso de uma hora pelo Sena com um andar aquecido embaixo, todo fechado com vidros, e outro aberto em cima, onde se passa frio se não estamos devidamente preparados. Dele, vi a torre, brilhante e iluminada. Otima vista para terminar a noite.

Mas ela não havia terminado. Havia mais um engarrafamento cheio de motoristas estressados e que fazem verdadeiras loucuras no volante para se desviar dele até o norte da cidade.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

AHH...PARIS


A dor de cabeça me impede de escrever agora sobre a minha revisita à cidade apos quase dez anos, mas deixo registrada apenas uma citação que expressa o que senti:

'Te amo, capital infame!'

Assim como Baudelaire e os impressionistas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

MENDIGOS

Poucas pessoas vivem nas ruas da cidade. Na França, os moradores costumam dizer que só fica sem casa quem realmente desistiu da vida.

E é fato: nos olhos de quem vive pedindo esmolas nas saídas dos metrôs se vê loucura, vício e ilegalidade. Menos pobreza.

GREVE DOS TRENS

Bem que minha tia disse: "você com certeza vai ver mais de uma manifestação na cidade enquanto estiver aqui". E então, após a dos Sans Papiers na Praça da República, vi ontem a de diversos sindicatos de categorias do trabalho público, mas, principalmente, a dos funcionários dos trens, que entraram em greve em diversas cidades juntamente com, em menor quantidade, outros meios de transporte, como metrô e ônibus, além de escolas maternais.

Entre as organizações, o muito bem representado CGT, a SNES-FSU, a SUD Solidaires, a UNSA e Sud Collectif Territoriale. Nenhum TGV circulou na região e os trens regionais tiveram tráfico reduzido. As garagens ficaram vazias e a paralização repercutiu em Paris, onde até as locadoras de bicicletas ameaçaram fechar.

Hoje, os jornais dizem que cerca de 5 mil pessoas em Lille e 200 mil na França desfilaram nas ruas principalmente contra a reforma de regimes especiais de aposentadoria e as numerosas supressões previstas no funcionalismo público. O governo acredita que há pessoas trabalhando em áreas onde a tecnologia já superou a mão-de-obra humana, gerando ônus.

Cartazes lembraram a polêmica decisão do governo sobre os testes de DNA para filhos de imigrantes e um desfile de carros da empresa Gaz France protestou contra a fusão da estatal.

Muitas bandeiras de Che Guevara e dos respectivos sindicatos coloriram a massa de opositores do governo, onde idosos e estudantes desfilaram lado a lado ao som do Rap e do hino da KGB. O comboio percorreu um caminho extenso que começou na praça da prefeitura da cidade, passou pela Grand Place e foi até o centro.

Gás lacrimogênio, animação e buzinas deram arte-final ao dia em que o presidente Sarkozy renunciou.

Ao seu casamento, diga-se.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

BANHO TODO DIA?

Ao contrario do mito; pular um dia de banho pode acontecer, mas nao é uma regra. Geralmente se pula um dia para as crianças. Para os adultos, uma 'petit duche' para não passar sem.

Lembremos que a França é um pais frio e alguns tipos de comida podem até serem deixadas fora da geladeira por um dia inteiro sem estragar.

Foi uma comparação tosca, eu sei. Mas somente para mostrar que tanto a ducha como deixar a comida na panela são habitos criados mais devido ao clima que a cultura. E, certamente, não são generalizados.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

CONTRASTES

Para quem não se prepara, o aquecedor dentro de estabelecimentos como restaurantes, salas de aula e até mesmo nas casas pode ser dramatico.

Os franceses se previnem: colocam, geralmente, um grande casaco e, por baixo, somente uma camiseta de manga curta.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

NOMES DE LORDES

Guillemette Marie Germaine Brigitte Olivia

Sim. Esse nome extenso não abrange o sobrenome e é comum na França. O primeiro nome é o utilizado usualmente. O segundo é inspirado no da avo materna e, o outro, da paterna. Brigitte é o nome da madrinha e, Olivia, do padrinho, adaptado para o feminino.

Um ultraje para mortais como eu.

BICICLETAS


Ha linhas de ônibus, mas o preferido é o metrô. Somente ganha dele a bicicleta, que chega ao centro mais rapidamente, pois ha vias somente para elas. Elas são tão requisitadas e populares que, acredite, são roubadas com frequência. Mas nem pense em assalto à mão armada por aqui. São, geralmente, furtos.

As bicicletas não são uma tendência de transporte somente em Lille, mas em diversas cidades da Europa, assim como os trens e as caronas de carro, como constatou recentemente a revista Le Nouvel Observateur. De acordo com ela, cidades como Paris e Londres não suportam mais automoveis e possuem um trânsito repleto de engarrafamentos. Prefeitos buscam alternativas a esse cenario estendendo as vias desses transportes alternativos. A preocupação, além do sufocamento do trânsito, é também ecologica.

IMPRENSA GRATUITA

No metrô, pela manhã, podemos escolher entre 20 Minutes, o preferido pelos moradores da cidade e que esta presente em oito grandes cidades francesas; o Metro, grupo espanhol que chegou recentemente em São Paulo para disputar espaço com o novo Destak e o malfadado Metro News; e Lille Plus, o jornal regional que prioriza esportes na sua primeira capa e tem noticias do mundo.

Todos possuem forte presença na Internet, onde podem ter 20 mil visitantes unicos por dia. Porém, seus anuncios não se comparam ao valor de uma revista ou jornal; são restritos em qualidade e quantidade e, para que o investidor comece a ter lucro com esse produto, pode demorar anos.

E ha também o jornal da tarde, distribuido nas saidas dos metrôs na volta do trabalho: o Direct Soir que, logicamente, trata de noticias culturais: é uma agenda para quem quiser sair à noite ou apenas relaxar ao ler noticias de celebridades apos um dia estressante.

De tempos em tempos, também são distribuidos jornais tematicos, alguns dedicados aos esportes. O grupo Metro ja experimentou esse tipo de produto, mas logo desistiu devido ao retorno financeiro insuficiente.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

SUPER MÁQUINA

Café com ou sem leite e pequeno, médio e grande; capuccino com ou sem nozes, chocolate com ou sem leite, apenas leite, chá de limão e sopa de tomate (!). Tudo por centavos e porções consideraveis.

Ok. Eu me rendo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

PISCINAS PÚBLICAS

As piscinas são populares aqui. Tanto que são até públicas. Você paga 4 euros para frequentá-la em horários determinados, pois há especiais para grupos, como estudantes mirins. Logicamente, ela é aquecida.

Como a classe mais baixa da cidade não tem dinheiro para viajar no verão, cria-se na cidade uma praia para entretê-la, com areia e...piscinas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

CINTO NO BANCO DE TRÁS

As ruas aqui são uma loucura até para os próprios moradores. Pequenas, são verdadeiros labirintos, pois a cidade, ao contrário da maioria das vilas medievais, não tem um centro circular de onde escoam suas ruas. Isso provoca engarrafamentos no almoço e horários de pico, principalmente no centro. Há quem utilize o GPS no carro para encontrar endereços.

A maioria dos estacionamentos sao subterrâneos, pois falta espaço para eles. Há bastante sinalização, mas, faróis, somente nas grandes avenidas. Aqui, os pedestres possuem prioridade ao atravessarem na faixa.

Há stress e domingueiros também. Mas o que incomoda mais e é mais difícil de se acostumar dentro de um carro é o cinto no banco de trás. Aqui, ele é obrigatorio e as multas são pesadas.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

CURSO MULTICULTURAL

Estudar com um egipcio, uma japonesa, uma turca, um irlandês, um angolano, uma italiana, uma neo-zelandesa, uma espanhola, uma coreana, uma vietnamita e mais uma brasileira que passou metade da vida nos Estados Unidos pode ser ainda mais interessante do que aulas de francês.

Pena que o iraquiano e o iraniano que vi na lista do primeiro dia de aula, estudantes dos dois paises mais falados e polêmicos da atualidade, simplesmente não apareceram nas aulas seguintes. Acredito que iria aprender ainda mais com ambos. Esse fato inusitado pareceu até uma brincadeira de mal gosto.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

PRAIA: ESPORTES E FRIO


Visitante das belas praias do litoral norte de São Paulo desde a minha infância, estava curiosa para conhecer o litoral de um pais frio como a França. Consegui ir até la no sabado.

A uma hora de Lille, na costa da região norte, se situa em Escalles o Cap Blanc-Nez, um cabo repleto de falésias e parte do Parque Nacional dos Cabos e Pântanos de Opale.

Ele contém praias mais urbanas, com beira mar repleta de restaurantes e bares, além de condominios com construções tipicas da região; e outras mais selvagens, onde existem as dunas de areias. No caminho entre elas, podemos ver grandes e sinistros bunkers utilizados na Segunda Guerra Mundial. Na estrada, ha tambem cemitérios de soldados das mais diversas nacionalidades.

Destaque para as pequenas casas de praia, personalizadas com desenhos e nomes proprios e um pouco maiores que banheiros publicos. Elas são alugadas para se guardar cadeiras e todos os apetrechos para utilização na margem do mar e também podem servir para proteger do frio.

No outono, a agua ja fica gelada e o vento é forte na longa extensão de areia ate o mar, salpicada por poças e pequenos rios onde gaivotas brancas nadam em grupo. Nao da para ficar com os pés no mar por muito tempo. Nele, e até mesmo na praia, ficam somente os praticantes de esportes nauticos, majoritariamente o kite surfing, com roupas de mergulho. O céu fica cheio de pipas coloridas e os admiradores do local se abrigam do vento em diversos espaços das dunas.

A culinaria tipica da região é, logicamente, frutos do mar. Os mais populares sao os moulins frites: mexilhões que vêm quase fechados em uma panela acompanhados por diversos molhos, que pode ser roquefort, de ervas, etc. Para comê-los, abrimos um por um e jogamos a casca em outra tigela. Uma porção de batatas fritas completa o prato.

Experimentei a cervoise, chopp com vinho branco e limão. A mistura exotica deu certo.

TROCA-TROCA

Uma coisa interessante com a qual me deparei no domingo, ao sair, foi com um mercado de rua que abrangia quase todo o bairro. Nele, eram vendidas, por preços minimos, roupas, objetos de decoração, livros e brinquedos usados por pessoas que desejam renovar suas casas, guarda-roupas e biblioteca. Encontrei um livro de Flaubert praticamente novo por 0,50 E.

A pratica é comum em toda a França e esse 'mercado informal' é realizado de tempos em tempos na cidade. Maneira inteligente e até ecologica de se aproveitar mais o que se compra, economizar e ainda ganhar dinheiro para comprar novas. Melhor que pesquisar pechinchas em sebos embolorados e fragmentados.

Ha quem ainda a leve além. No sabado, vi minha tia trocar algumas roupas de suas filhas por outras da filha de sua amiga. As crianças adoram. As mães, certamente, também.

sábado, 6 de outubro de 2007

MOBILHOME


A vinte minutos da cidade, muitos franceses tem uma casa de campo. Ela é chamada de Mobilhome, pois se situa dentro de um trailer, que permite que seja transportada, e tem um jardim, area delimitada e faz parte de uma espécie de condominio desses tipos de moradia para descanso aos finais de semana: é, resumidamente, um camping mais avançado, com banheiros e pias compartilhadas. E fecha durante todo o inverno.

Um desses trailers podem abrigar uma sala com TV e DVD, cozinha, quarto, banheiro e, no quintal, espaço para playground, mesa, redes e uma pequena casa que serve como deposito. E uma otima opção para as crianças, que, ao contrario dos bairros residenciais no Brasil, não encontram espaço para brincar na rua. Nas cidades, elas so o encontram nos parques.

Nesse condominio ha também lugar para fazer esportes, como vôlei, e existe muita arborização. Pela janela, olhamos vacas pastarem e temos vontade de dormir em uma rede. Parece que o mundo parou.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

TEMPO OUTONAL


Aqui, a média é de 15 graus. O frio é mais veemente pela manhã e à noite, mas um blusão e uma malha são suficientes. Geralmente chove e o sol aparece à tarde. Hoje foi um dia excepcional no qual havia sol logo pela manhã.

As arvores ainda estão verdes, mas ha muitas que ja estão metade amareladas. Ha montes de folhas por toda a rua.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

METRÔ


O metrô aqui, para quem andou a vida toda na linha vermelha de São Paulo, é bem diferente.

Ok. Lille é uma cidade pequena se comparada à Paris e, seu metrô, ao contrario da primeira, é privado. Mas um transporte que é constituido por apenas um vagão do trem de São Paulo (dois em horarios de pico), no qual não ha catracas e compramos tiquetes no caixa eletrônico é impressionante.

Penso como seria no Brasil a implementação de um sistema cuja vistoria ocasional é feito pelos controladores, que em horarios indeterminados abordam quem descer as escadas e pedem para que lhes mostrem o bilhete. Se esqueceu uma vez, não ha problema. Eles apenas pedem para que não esqueca na proxima. Ja vi uma discussão com esses 'guardas'.

Você também pode comprar o tiquete mensal por 40 E (o unitario custa 1,25 E) e entrar e sair do metrô a hora e quantas vezes quiser, sem mostrar tiquete nenhum. Somente na primeira vez que o utiliza, como os unitarios, você o passa na catraca eletrônica, localizada ao lado das escadas e que barra a entrada, para que indique que você utilizou o bilhete e não engana ninguém.

Existem somente duas linhas, mas elas vão até cidades vizinhas. Todas as estações possuem portas que não permitem acesso à via e so são abertas automaticamente quando o metrô chega. Essa seguranca, nos trens, é diferente. As vias são abertas e outro dia li no jornal que uma menina foi morta por um porque desceu na via para pegar seu MP3.

A disposição de cadeiras também é muito mais confortavel. Sao três bancos juntos de cada lado, um de frente para o outro, e um espaço para ficar em pé entre eles. Assim, você não precisa ficar sentado e uma pessoa em pé bem na sua frente. E, nas laterais de cada um deles, bem ao lado da porta, ha uma pequena saliência, como um pequeno banco, para melhor acomodar a pessoa que se encostar nelas e fazer com que não sentem no braco de quem esta sentado.

Por aqui, o metrô tambem pode comportar uma verdadeira exposição de arte, como na estação do Palais Beaux Arts, o Museu Belas Artes da cidade: esculturas e quadros renascentistas enfeitam todo o local.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

RESERVA FRANCESA

Ao contrario do que eu pensava, as pessoas aqui não sao tão mal-humoradas. Mas, veja bem, são educadas quando você pede informacao. Somente isso.

Diferente de muitos brasileiros, os franceses não abrem um grande sorriso ou puxam papo. Somente encaram, ainda mais quando voce fala outra lingua. São, em uma palavra, reservados.

Mas ja houve quem me abrisse sorrisos e fosse simpatico quando pedi informacao.

Pessoas e generalização não combinam. Definitivamente.

SENTAR NA GRAMA


E interessante ir a um parque aos finais de semana e ver crianças do mundo todo brincando juntas. Cabelos amarelos e ruivos, olhos azuis e puxados e pele negra, branca e morena. Da até para sonhar com utopias.

O design moderno dos brinquedos impressiona. O Brasil esta bem atras nesse quesito.

Enfim, os franceses adoram parques. E deitam na grama em qualquer lugar, de modo displicente, para ler, fazer piquenique ou simplesmente conversar.

E ha parques e praças em todo canto da cidade.

MUSEU DOS...CAVALOS


Ao chegar em Paris, a caminho de Lille, passei por Chantilly, uma pequena cidade com um belo castelo. Ao lado dele, ha um Museu dos Cavalos. Não é nem tanto o exotico tema que impressiona, mas, sim, o grande e pomposo espaco dedicado aos animais pelo antigo 'lorde'. Pistas de corridas logo na frente, também enormes, mostram que ele adorava mesmo os bichos.

A monarquia e burguesia de outrora parece caricata atualmente. A de hoje também.

O LENCO MUCULMANO

Ele esta por toda parte, principalmente no bairro onde moro, Fives, e pertencem, majoritariamente, a marroquinas e argelinas. Ele apenas cobre os cabelos e é geralmente acompanhado de roupas largas que escondem todo o corpo.

Para quem não lembra, houve recentemente uma polêmica aqui no pais sobre a sua utilização, principalmente nas escolas. A França pensa que quem decide morar no pais deve respeitar sua liberdade. Não que alguém não deva ter a religião que bem entender, mas é diferente utilizar um pequeno crucifixo como pingente de um colar e cobrir-se com um grande lenço.

Sera que é?

SARKOZY: OPINIÃO PUBLICA

Pelo que vi até agora, os moradores não estão muito contentes com sua politica. Se reclama muito do seu radicalismo em questões como a regularização de estrangeiros no pais.

Recentemente, o presidente declarou que deseja que somente residam no pais filhos verdadeiros de moradores. Como ira controlar isso? Teste de DNA neles. Moradores pensam que deve, sim, haver controle, mas ele deve ser justo.

Folhetos na rua chegam a compara-lo a Berlusconi.

No domingo, houve uma manifestação dos sans papiers (sem papeis) na Praca da Republica da cidade, pela regularização. E uma questão delicada que o presidente colocou em pauta e que esta agitando o pais.

Havera manifestações contra outras decisões logo mais. Mas aqui, diferentemente do Brasil, elas são corriqueiras e não significam, necessariamente, que o governo não esta sendo bem aceito.

E esta certo que Lille parece ser uma cidade situada mais à esquerda na politica. O partido socialista domina a cena por aqui ha anos. Um bar ira inclusive relembrar os quarenta anos da morte de Che Guevara. Ja vi a famosa foto do guerrilheiro andando por aqui em diversas bolsas.

A proposito, sobre a morte do guerilheiro, no Brasil, ha a polêmica reportagem da Veja.

NOITE MUSICAL

A minha primeira saida noturna na França foi exotica.

Por aqui, as pessoas costumam, quando saem à noite, irem primeiro à casa de quem as convidou para fazer o famoso 'esquenta'. Aqui, a bebida também é cara na balada e nos bares.

Sai com um amigo espanhol de minha tia, professor de espanhol marxista e divertido de Burgos que lê Foucault, até a casa de um amigo seu, também espanhol. Havia também uma francesa da cidade. Conversamos bebendo vinho branco e cerveja e comendo frios.

Aqui, tabua de frios sao os petiscos mais populares nos bares e é composta, logicamente, de queijo e até pepino. Mas também ja vi nosso famoso amendoim por aqui.

Aproveitei e dei uma olhada na biblioteca do anfitrião, que é professor de linguistica. Da para ter uma boa ideia da pessoa pelo que ela lê. La estavam Javier Marias, um dos autores nacionais preferidos dos espanhois; um livro com cartas de Bukowsky e outros tantos de Paul Auster e Hornby. Uma edicao comemorativa de Cem Anos de Solidao, ainda fechada, era o destaque.

Tudo normal até que o anfitriao começa a tocar flamenco e cantar de modo dramatico. Depois, é a vez da francesa cantar e tocar pop e meu amigo espanhol dar uma canja de sua voz forte ao cantar algo parecido com uma opera espanhola.

Tudo bem até aqui se, logo depois, não tivessemos ido a um bar, digamos, diferente. Logo na entrada, me deparo com uma mulher de meia idade tocando violao e assoviando para um casal de jovens bêbados. Acontece.

Mas, logo depois, o dono do bar, um marroquino simpatico e sorridente, resolve sair do balcão para tocar bandolim e cantar musicas de seu pais natal. Um canto profundo e o som mistico criaram uma atmosfera impressionante e ajudamos com palmas.

Como se não bastasse, quando começamos a querer conversar e o marroquino a tocar demais, entra no bar um trompetista de jazz. E, sim, logicamente, ele da uma canja a todos.

Somente nesse dia tocaram duas vezes, em minha homenagem, Garota de Ipanema. Uma com violão, e os dois espanhois cantando muy bien em português, e a outra no trompete. Tive que ajudar cantando e reconhecer que Tom Jobim parece ser preferência mundial.

Sai pensando: tout le monde est artiste en France. Ao menos nessa noite.

LIXO?

E de cair o queixo. Mas no primeiro mundo também existe ma educação.

Por um lado, o presidente francês fala na ONU sobre o clima mundial, vemos do avião energia eolica no campo e, na cidade, ônibus que rodam com gas natural. Por outro...

Ha muitas pessoas que jogam um jornal inteiro no chão do metrô. O deixam até no banco do vagão quando chega a estação na qual descem. Se quiser sentar, você que tire. Ja vi também garrafas de cerveja e papéis pela rua. Mas a limpeza parece ser bem mais eficiente que no terceiro mundo.

Falando em ma educacao, os franceses, como disse uma professora nascida aqui, geralmente, furam filas. Sim, é bom guardar bem seu lugar porque existe quem não o respeite aos montes. Eu ja vi esse fenômeno e aproveitei o desconhecimento que as pessoas tem por aqui do português. Se você der um toque, podem pedir desculpas e voltar tranquilos ao fim da fila.

Sera isso a saida à francesa?

SANDUICHES DE FRUTOS DO MAR

Olha: sanduiches com patê de caranguejo e lagosta na baguete, realmente, so por aqui...

E, como não poderia deixar de ser, são deliciosos e vêm acompanhados por salada.

CACHORROS. AOS MONTES.


Realmente, nao da para sair pela rua e admirar todo o tempo a arquitetura historica da cidade. Ha um grande perigo de nos depararmos com uma 'caca' de chien, o cachorro francês. E, acreditem, elas existem em maior quantidade que no Brasil porque, aqui, os cachorros passeiam por todo lugar e são bem populares. Até dentro da Galeria Lafayette e nos bares nos deparamos com eles. Por outro lado, nao se ve nenhum cachorro sem dono pela rua.

Um dia vi, logo pela manha, no caminho do metrô, um homem perceber que estava com os pés sujos da 'caca'. E interessante como nessas horas preferimos gritar em nossa lingua natal:

- MOTHERFUCKER! Quelle merde en le matin!

Eu, como turista, ja tive o meu momento, logicamente.

AHHHHH...CERVEJA


Eu estava crente que iria chegar aqui e beber muito vinho. Mas a cerveja também é muito popular: a Brahma esta por aqui, em uma embalagem long neck mais elegante. Ela fica ao lado da Heineken e Stella Artois e os franceses gostam.

Gostam até demais. Por aqui, é comum ver pessoas de todas as classes sociais bebendo chopp às dez horas da manhã. As loiras e morenas sao vendidas em todas as brasseries, uma mistura de café, bar e comida rapida melhor que um fast food, mas abaixo de um restaurante. Em toda esquina encontramos uma, duas, três...

E realmente diferente chegar em um bar e decidir entre cervejas belgas; alemãs e francesas, como Pelforth e Leffe. Algumas chegam a ter até 9% de alcool.

Falando sério, os franceses adoram alcool tanto que, como no Brasil, os jovens comecam a beber cada vez mais cedo, como diz hoje no jornal uma pesquisa da Academia de Medicina. Ela chegou à conclusão que 46% dos jovens declararam beber, ao menos em uma ocasião por mês, quatro copos de bebida. Sera que se compara ao Brasil?

Porém, o fenômeno, que começa a atingir jovens de ate 12 anos, ainda é menor do que em outros paises europeus. Nas meninas, ele é mais preocupante, pois preferem whisky e vodka à cerveja, a preferida dos homens franceses e brasileiros. Algumas coisas não mudam em todo o mundo.